Pleonasmo
Observe as seguintes afirmações:
“Eu canto um canto matinal”. (Guilherme de Almeida)
“A ameaça, o perigo, eu os apalpava quase”. (Guimarães Rosa)
Na primeira afirmação, o escritor utiliza o verbo cantar, que já traz consigo a idéia de canto (quem canta, logicamente canta um canto). Na segunda, de Guimarães Rosa, os vocábulos “ameaça” e “perigo” fazem parte de um mesmo eixo significativo: são sinônimas. Entretanto, o escritor usou as duas, a fim reforçando a idéia que queria transmitir.
Quando fazemos uso de expressões redundantes com a finalidade de reforçar uma idéia estamos utilizando a figura de linguagem chamada pleonasmo. Quando bem elaborada, além de embelezar o texto, esta figura de linguagem intensifica e destaca o sentido da expressão onde foi empregada.
“A vida, não vale a pena nem a dor de ser vivida”. (Manuel Bandeira)
Deve-se evitar, entretanto, o uso de pleonasmos viciosos. Estes não têm valor de reforçar uma noção já implicada no texto. Antes são fruto do desconhecimento do sentido das palavras por parte do falante. O pleonasmo vicioso é muito utilizado na modalidade oral, o que acaba influenciando a modalidade escrita. Veja alguns exemplos:
“Menino, entre já para dentro”.
“Eu fui fazer um hemograma de sangue hoje de manhã”.
“Joana sofre de leucemia no sangue”.
“Eu vi com esses olhos que um dia a terra há de comer”.
“A protagonista principal do filme ‘O sorriso de Monalisa’ é Julia Roberts”.
Bibliografia
SAVIOLE, Francisco Platão. Gramática em 44 lições. 15 ed. São Paulo, Ática, 406.
TUFANO, Douglas. Estudos de Língua Portuguesa – Minigramática. São Paulo, Moderna, 2007.