Planolândia - Uma resenha crítica

3690 palavras 15 páginas
Mestrado em Artes Cênicas – PPGAC / UFBA

PLANOLÂNDIA:
UMA RESENHA CRÍTICA

Aluno: Luiz Felipe Botelho Paes Barreto
Disciplina: Pesquisa em Artes Cênicas
Professora: Antônia Pereira Bezerra
Julho de 2005

E

dwin A. Abbott(1) receou colocar seu nome verdadeiro na 1a. edição de “Flatland, a romance of many dimensions“, preferindo assiná-la com o nome de A. Square (Um
Quadrado), personagem central e narrador da trama. O romancista temia ser penalizado pela sociedade em que vivia, cujo lado mais negro ele expunha naquelas páginas, ainda que o fazendo através de metáforas, analogias e refinado senso de humor. Embora o receio de Abbott fosse justificado, a obra acabou sendo irônica e erroneamente vista por muitos como inventiva prosa didática para a juventude. E assim, a segunda edição do livro – que posteriormente se tornaria um dos clássicos da literatura inglesa – pôde ostentar na capa o nome do verdadeiro autor.
Estes fatos ocorreram em 1884, na Inglaterra, em plena era vitoriana, um período tido como não muito propício para acolher idéias que questionassem normas e padrões mantidos em vigência pelas elites da época. Edwin Abbott Abbott(2) era um conhecido e respeitado acadêmico que, com
Planolândia, arriscou sua reputação ao expor o íntimo de suas reflexões sobre a sociedade britânica da época, individualista, autoritária e sexista, onde a mulher era tratada como um ser inferior(3) e a expansão do pensamento científico era cerceada pelo apego a pontos de vista estáticos e quase sempre parciais acerca do ser humano e da própria realidade.
Abbott urdiu engenhosa alegoria centrada nas aventuras do Sr. Quadrado, cidadão de um mundo de apenas duas dimensões – a Planolândia do título – no qual vive complexa sociedade de formas geométricas. Este mundo é o título da primeira das duas partes em que se divide a obra. Aí o autor enfoca a própria Planolândia e seus habitantes. Na segunda parte, Outros mundos, acompanhamos as viagens que

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