Plano Cruzado
A economia às vésperas do Plano Cruzado
Após amargar uma recessão em 1981-83, a economia brasileira parecia, em 1984, ter reencontrado a trajetória de crescimento que a havia caracterizado por vários anos. De fato, em 1984, a economia atingira um crescimento de 5,4% do PIB e, em 1985, crescera nada menos que 7,8%. Diferentemente do ocorrido em períodos anteriores, entretanto, o crescimento parecia vir acompanhado de uma melhora substancial das contas externas e de uma redução do desequilíbrio das contas públicas.
O problema mais visível da economia brasileira era, dessa forma a inflação que, mesmo nos anos de fraco desempenho do PIB (1981/83), não cedia. Já em 1980, a inflação havia superado os 100%, e os esforços realizados nos primeiros anos da década (1981-82) apenas a haviam reduzido marginalmente. Mais grave, após a maxidesvalorização de 1983, a inflação havia se acelerado, atingindo 224% em 1984 (IGP). Diante desse comportamento, fortalecia-se a tese de que o princípio da correção monetária, introduzido no Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG), tornara-se um elemento de dificuldade para o combate à inflação. Mas embora houvesse certa unanimidade quanto à necessidade de promover a desindexação da economia brasileira, o modo de fazê-lo estava longe de ser consensual.
Em 1984, havia basicamente quatro propostas de desindexação sendo discutidas: Pacto Social, Choque Ortodoxo, Choque Heterodoxo e Reforma Monetária.
Convém lembrar ainda que em 1985 no meio de todo essa turbilhão ao qual encontrava-se a economia, o brasileiro mal começara a saborear a redemocratização, e vivenciou o trauma da morte do Presidente eleito Tancredo Neves, criando-se um vácuo político que só não gerou consequências desestabilizadoras por causa da repulsa generalizada a qualquer solução não constitucional. Assumindo logo em seguida como presidente da República o José Sarney.
O Plano Cruzado
Motivações
Ao início de 1986, vários fatores contribuíam para a