pisco
A doutrina do liberalismo, do laissez-faire, desafiada pelo socialismo, é, por vezes associada, enquanto categoria histórica, aos interesses da classe burguesa e, por outras ao sentimento humanitário do século XIX. Esta doutrina foi brilhantemente representada por John Locke no século XVII, em seu Segundo Tratado sobre o Governo Civil (1974), obra na qual ele destaca a importância do governo para a realização das liberdades, expressas através de leis. Nela, o autor sugere que o problema da liberdade deve ser tratado junto com o da propriedade[1]; e que o estado de natureza, condição de total liberdade, é limitado pela lei natural. Essa lei é sinônimo de razão, igualando todos os indivíduos e prevenindo para que uns não causem danos aos outros, pensamento que tem suas raízes no jusnaturalismo e na tradição cristã. Ao referir-se , porém, à aplicação da lei da natureza, posta nas mãos de cada um, John Locke (1974), alerta sobre o perigo do abuso do poder, parecendo aproximar-se da lei da guerra hobbesiana; analogia da qual escapa por considerar, ao contrário de Thomas Hobbes(1974), que a maioria dos seres humanos é boa. As más ações são, por John Locke, atribuídas a um pequeno grupo de perversos, que precisa ser controlado e, por isto ele estabelece seu Governo Civil, no qual poderes separados