Pintura corporal indígena
FAFICLA – Faculdade de Filosofia, Comunicação, Letras e Artes
Letras
A pintura indígena e sua importância
A ciência, ao longo do tempo, preocupou-se muito com o aspecto biológico do corpo, mas ao momento em que se pensa no ponto de vista das ciências sociais este panorama começa a mudar, mais precisamente a partir de 1930, quando o antropólogo francês Marcel Muass busca entender os gestos e usos do corpo para além das questões biológicas. Muass considera o corpo como artefato cultural e afirma que dentro de cada sociedade, as pessoas se servem de seus corpos e fazem deles produtos de práticas e representações sociais. A ornamentação corporal é como se fosse uma segunda "pele" do indivíduo: a social em substituição à biológica.
Um grande exemplo de estas representações culturais é a pintura corporal presente em várias sociedades, como os indígenas, hindus, africanos, na sociedade oriental, a exemplo das gueixas, e na sociedade ocidental por meio da maquiagem e da tatuagem. De acordo com Lévi Strauss, “as pinturas do rosto conferem, de início, ao indivíduo, sua dignidade de ser humano; elas operam a passagem da natureza à cultura, do animal estúpido ao homem civilizado. Em seguida, diferentes quanto ao estilo e à composição segundo as castas, elas exprimem, numa sociedade complexa, a hierarquia dos status. Elas possuem assim uma função sociológica”.
Estima-se que as tribos indígenas, por exemplo, já pintavam seus corpos a cerca de 20 mil anos atrás, Eles extraiam os pigmentos diretamente da natureza e trabalhavam os traços de forma simples e geometrizada. As cerca de 200 sociedades indígenas brasileiras com suas mais de 170 línguas e dialetos têm na pintura corporal uma de suas formas mais características de expressão, individual e coletiva.
Nas sociedades tribais as pinturas e outros tipos de intervenções no corpo são realizados em situações distintas. Ela é utilizada: como uma maneira de distinguir a divisão