pinguin
Carlos Lima∗
Assim como nas religiões vemos o homem escravizado pelas criaturas de seu próprio cérebro, na produção capitalista o vemos escravizado pelos produtos de seu próprio braço.
Karl Marx
Resumo
O trabalho Necessidades humanas e sua negação é composto de quatro partes. Na introdução discutimos, en passant, diferenças relativas ao trabalho entre sociedades précapitalistas e capitalistas. O tópico posterior põe a questão do Estado como parte integrante e necessária para a consecução da sociabilidade humana. Ao mesmo tempo salientamos a contribuição do Estado para a negação da emancipação humana sob o domínio do capital. Em seguida discutimos a produção de mercadorias não como necessidade humana mas, sim, como necessidade do capital. Finalmente, analisa-se a produção de não-mercadorias como negação maior das necessidades humanas.
Palavras chaves: Necessidades humanas; emancipação humana; mercadoria; nãomercadoria; trabalho improdutivo-destrutivo.
INTRODUÇÃO
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Doutor em Economia por Paris I, Panthéon/Sorbonne, Professor/Pesquisador da Universidade de
Brasília (UnB). É orientador de mestrado e doutorado do Programa de Pós-Graduação em Políticas
Sociais do Departamento de Serviço Social da UnB. Pertence ao Grupo de Pesquisa Politiza com certificado do CNPQ.
E-mail: karlima@terra.com.br
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A cena inicial do filme 2001 Uma Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick, é deveras instigante. Um grupo de macacos refestela-se prazerosamente quando outro conjunto de símios aparece e investe contra eles a fim de participar da comilança. O primeiro grupo de macacos procura defender sua comida ameaçada com a chegada de tais intrusos. O confronto se instala entre os dois grupos. Um dos macacos do grupo agredido, que estava com uma tíbia na mão, dá uma porretada ‘tibiesca’ na cabeça de outro pertencente ao grupo agressor que cai no chão desmilinguido. Vem outro e a mesma cena se repete. O macaco