Pilar do sul: cochichos na cidade
Nos últimos anos a cidade passou a ser objeto, isto é, construção problemática de algo a ser investigado pelos historiadores, que deparam com a multiplicidade de histórias e memórias, fruto de experiências pessoais e coletivas. Existe uma vasta literatura sobre cidades de diversas regiões, porém, a grande maioria dessas investigações elege como objeto de estudo “cidades grandes” que destacam ou destacaram em algum determinado período histórico, seja pela economia ou política.
O objetivo deste trabalho é refletir sobre a cidade de Pilar do Sul1, suas origens e seu cotidiano. Pretende-se compreender o processo de urbanização, a partir da década de 50 do século XX, de uma pequena cidade que possui como base econômica o comercio e agricultura e que diferentemente da maioria das cidades apresentada na literatura não se destacou ou destaca em nível nacional. A pequena Pilar do Sul é única e múltipla aos olhos de seus moradores com modos de vida simples, com seu próprio ritmo. Considerei relevante investigar esta cidade, Pilar do Sul, para poder compreender as múltiplas particularidades, além de ser um lugar especial, pois é a minha cidade natal. Esta posição de “filha da terra” facilitou a pesquisa exploratória, pois, as portas dos arquivos e das casas das pessoas abrem-se, via de regra, com muita facilidade e cordialidade, todavia, por outro lado foi difícil, pois essa posição me colocava envolvida com sujeitos e acontecimentos que tinham alguma ligação com a minha história de vida.
Durante a pesquisa tentei levar em conta as especificidades de cada tipo de documento e os cuidados necessários para sua utilização. Foram utilizadas fontes escritas (livros de atas, ofícios, legislação, requerimentos, revista, estatísticas oriundas de recenseamentos), orais (depoimentos de pessoas envolvidas em diferentes momentos e posições) e iconográficas (fotográficas e cartazes).
As fontes foram vistas como documentos/monumentos, como adverte Le Goff (1990) sobre a