Pierre Grimal
p.63 O historiador do século XXI sob o peso da avalanche de informações ameaça sufocar o historiador da antiguidade, por outro lado falta ao historiador contemporâneo o indispensável recuo no tempo, não temos senão algumas peças do quebra cabeça para tentar reconstituí-lo por inteiro, mas existem imensas lacunas pela pobreza documental, por isso devemos examinar as fontes com uma atenção particular, sem querer que falem mais do que se pode.
p.64 Através do espírito de análise o historiador assinala elementos constitutivos e a economia interna de seu documento, tornando a interpretação das realidades passadas inteligível, um exemplo é uma moeda com vastas informações que um historiador pode interpretar como: peso, qualidade do metal, inscrições que traz, podendo assim informar sobre religião, nome de um príncipe, mas ela isolada não teria significado algum, logo as escavações clandestinas nos trazem tantas perdas irreparáveis, já a escavação arqueológica permite o exame do solo de forma metódica e cuidadosa.
p.65 O historiador da antiguidade trabalha sobre traços que fora varrido pelos ventos, logo eles não tem o mesmo estatuto que a linguagem por isso o historiador deve buscar todos os indícios o que faz dele um caçador, comparando e confrontando esses documentos afim de fortalecer as conclusões, já o historiador contemporâneo deve ser um especialista da imprensa, dos arquivos filmados, das sondagens de opinião em razão da enormidade dos arquivos. Em história antiga tem que se fazer a síntese das informações fornecidas por cada uma das disciplinas que concorrem para a construção da história.
p.66 As fontes literárias são as mais conhecidas e utilizadas graças aos trabalhos dos filólogos que colocam a nossa disposição textos fixados com muita seriedade o que os tornam mais acessíveis, mas existem ainda muitas obras que não foram traduzidas e que requer muito trabalho. Os manuscritos não foram conservados desde a época de