Picasso
Na arte como na vida
Falar sobre Picasso pode parecer redundante; sobre ele já se escreveram todas as biografias; sobre a sua obra já se formularam todas as teorias se bem que, no entanto, ela permaneça misteriosa, heterogénea, sem unidade ou continuidade. O que leva o artista a ser inconstante, a recusar a evolução, a prescindir de traçar um objectivo para a sua arte e a persegui-lo de modo coerente? Foi algo que sempre me intrigou...
A explicação reside na vida atribulada do artista. Picasso viveu intensamente: teve sete vidas como os gatos. Em cada uma ele é diferente; em cada vida há uma mulher, cada uma com a sua personalidade, olhada e amada de maneira diferente. E a arte é a vida. Picasso desenha, pinta ou modela para a mulher que é o centro da sua vida em cada momento presente, sem passado nem futuro. Eu não procuro - encontro, terá dito.
Depois de um período difícil a vida começa a correr bem ao pintor que parece querer expressá-lo utilizando tons rosa. Estamos em 1905, data em que conhece a primeira paixão: Fernande Olivier (aliás Amélie Lang).
Em 1918 encontra Olga Khokhlova, uma bailarina russa que se virá a tornar a sua primeira mulher. Tal como o ballet, Picasso torna-se clássico.
Marie-Thérèse Walter surge na vida do pintor em 1927. É uma jovem loira que transporta consigo o prazer e a alegria de viver...
Em oposição, a bela e morena Dora Maar fascina Picasso com o seu ar triste e sofredor e as suas frequentes crises de melancolia. Além disso fala correctamente espanhol! A relação entre os dois começa em 1936. Os quadros mais agressivos e sombrios do artista datam deste período, como Guernica.
Em 1943 uma nova mulher entra na vida de Picasso: Françoise Gilot.
Por fim em 1954 o pintor conhece Jacqueline Rocque que há-de ser a sua última companheira. E, de novo, tudo se transforma.
Os diferentes estilos que tenho usado na minha arte não devem ser vistos como uma evolução ou como passos na direcção de uma desconhecida pintura ideal.