Peça eugene ionesco
(Èugene Ionesco)
Personagens O Professor, 50 a 60 anos A jovem aluna, 18 anos A criada, 45 a 50 anos
(No começo, o palco está vazio, permanecendo assim por um longo período de tempo. Depois, ouve-se a campainha e, em seguida...)
CRIADA (nas coxias) Sim, já estou indo. Só um momento! (A campainha continua a soar. Após descer correndo as escadas, aparece em cena. Depois de ouvir-se o segundo toque da campainha, a criada abre a porta. Aparece a aluna.) Bom dia, senhorita! ALUNA - Bom dia! O professor está? CRIADA - Vens para a lição? ALUNA - Sim. CRIADA - O professor a aguarda. Sente-se um instante enquanto irei chamá-lo. ALUNA - Obrigada. (Ela senta-se próxima à mesa, de frente para o público; à sua esquerda, a porta de entrada; ela está de costas para a outra porta, onde a criada chama o professor). CRIADA - Senhor, desça por favor. Sua aluna chegou. PROFESSOR (nas coxias) Obrigado, desço em dois minutos! (A criada sai. A aluna aguarda, olhando para os móveis e também para o teto; depois, tira de sua bolsa um caderno; folheia este e, após algum tempo, analisa demoradamente uma página, como se estivesse repetindo uma lição, como se desse uma última olhada em suas tarefas. Ela tem ares de jovem bem educada, culta, alegre, dinâmica, um sorriso jovial nos lábios. No decorrer do drama, ela diminuirá progressivamente o ritmo de seus movimentos, de seu andar. Muito agitada no início, Desvendando Teatro (www.desvendandoteatro.com)
tornar-se-á cada vez mais cansada, sonolenta. Até o fim do drama, seu semblante deverá exprimir claramente uma depressão nervosa. Sua maneira de falar tornar-se-á pausada, com as palavras sendo dificilmente extraídas de sua memória e saindo dificilmente de sua boca. Ela terá o ar vagamente paralisado, como em um princípio de afasia; inicialmente cheia de vontade, chegando a parecer quase agressiva, ela far-se-á cada vez mais passiva, até que não seja mais que um objeto lânguido e inerte, parecendo inanimado, nas mãos do