Peter Drucker
Por Peter Drucker
São Paulo, 22 de março de 2000 (Edição 710) - O impacto verdadeiramente revolucionário da
Revolução da Informação está apenas começando a ser sentido. Mas não é a informação que vai gerar tal impacto. Nem a inteligência artificial. Nem o efeito dos computadores sobre processos decisórios, determinação de políticas ou criação de estratégias. É algo que praticamente ninguém previa, que nem mesmo era comentado 10 ou 15 anos atrás: o comércio eletrônico - ou seja, a emergência explosiva da Internet como importante (e, talvez, com o tempo, o mais importante) canal mundial de distribuição de bens, serviços e, surpreendentemente, empregos na área administrativa e gerencial. É ela que está provocando transformações profundas na economia, nos mercados e nas estruturas de indústrias inteiras; nos produtos, serviços e em seus fluxos; na segmentação, nos valores e no comportamento dos consumidores; nos mercados de trabalho e de emprego. Mas talvez seja ainda maior o impacto exercido sobre a sociedade, a política e, sobretudo, sobre a visão que temos do mundo e de nós mesmos.
Ao mesmo tempo, novas e inesperadas indústrias vão surgir, sem dúvida alguma - e rapidamente. Uma delas já está entre nós: a biotecnologia. Outra é a criação de peixes. Nos próximos 50 anos, a criação de peixes pode nos transformar de caçadores e coletores marinhos em pecuaristas marinhos. Exatamente como mais ou menos 10000 anos atrás, uma inovação semelhante transformou nossos ancestrais de caçadores e extrativistas em agricultores e pastores.
É provável que outras tecnologias surjam de repente, levando à criação de novas indústrias.
É impossível sequer dar um palpite quanto à sua natureza. Mas que elas vão surgir, e em pouco tempo, é altamente provável. Na verdade, é quase certo. E é quase certo que poucas - e só algumas das indústrias baseadas nelas – virão dos computadores e da informática. Como a biotecnologia e a criação de peixes, cada