Pessoa
Alberto Caeiro
Alberto Caeiro é considerado o mestre de Fernando pessoa e dos outros heterónimos. Em toda a sua poesia, faz-se notar uma abundante predominância de descrições da natureza. Caeiro privilegia a atividade sensorial em detrimento da atividade reflexiva, isto é, considera as sensações primordiais para a perceção real e objetiva da realidade imediata, que é o seu principal interesse. Assim, o poeta procura ver o real objetivo, sem atribui as coisas que observa quaisquer conceitos ou sentimentos humanos – é antimetafísico. Citando versos de O guardador de rebanhos, o autor considera que “O Mundo não se fez para pensarmos nele/(Pensar é estar doente dos olhos) /Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo…”. Revela, assim, a sua descrença na utilidade do pensamento como meio de compreensão da natureza. Como sensacionalista, defende que o pensamento apenas falsifica o que os sentidos captam, manifestando o seu ceticismo relativamente à atividade conceptual. Propõe-se, assim, a não passar do realismo sensorial, aprendendo a negar acerrimamente o pensamento, de maneira a libertar-se de tudo o que possa perturbar a apreensão objetiva e concisa da realidade concreta. Advogando a primazia dos sentidos, nos seus poemas, são notórios inúmeros vocábulos do campo lexical de “olhar”, através dos quais o poeta deixa entrever a valorização da sensação visual. Caeiro dá especial relevância à natureza e o que a ela se associa, pretendendo estar sempre em conformidade e estabelecer uma relação estreita com a mesma. Assim, ao longo da sua poesia, faz-se notar uma descrição exaustiva do que ele observa enquanto deambula, num discurso em verso livre, em estilo coloquial e espontâneo (prosaísmo), de maneira a estar em concordância com o tema que aborda – a natureza (também ela natural e espontânea).
Síntese das temáticas:
Principal objetivo – perceção real e objetiva da realidade imediata – através das sensações;