PESQUISA CARANDIRU
Foi instaurado no dia seguinte ao massacre, e de acordo com a portaria de instauração objetiva apurar o confronto entre presos do pavilhão 9 da Casa de Detenção de São Paulo, exigindo a intervenção de forças policiais militares de diversas unidades, as quais foram obrigadas a fazer uso de armas de fogo para conter os rebeldes.
A portaria de instauração das investigações trazia consigo o relatório da operação elaborado no dia posterior ao massacre pelo Comando de Policiamento de Choque13 Tal relatório indica que, após briga de "gangues rivais", houve confronto generalizado que tornou a situação "incontrolável".
A tropa de choque, segundo o documento, teve autorização para a entrada no pavilhão e foi recebida a tiros, pedaços de pau, pedaços de ferro, facas contaminadas com sangue dos aidéticos, sacos plásticos contendo urina, bem como vários policiais militares entraram em contato corpo a corpo com os presidiários.
Esse documento descreve como resultado da operação: 22 policiais militares feridos; 111 presidiários mortos; 13 revólveres apreendidos; 165 estiletes de ferro; 25 pedaços de ferro (cano); 1 marreta de ferro; porções de cocaína, e porções de maconha. Nenhum policial militar posteriormente denunciado pelo promotor de justiça militar foi mencionado nesse primeiro relatório.
O inquérito foi concluído em menos de um ano, tendo sido realizada e juntada aos autos uma série de laudos do Instituto de Criminalística do Departamento Estadual de Polícia Civil e do Instituto Médico Legal1 e ouvidas 469 pessoas, entre: 22 policiais militares que foram feridos; 90 detentos vítimas de ferimentos; e outras testemunhas.
Tais testemunhas foram ainda divididas em três grupos principais: "praças que entraram no pavilhão 9 e atiraram" (55); "oficiais do batalhão de choque" (46); e "praças" que não atiraram, que não entraram no pavilhão e outras testemunhas civis (251)
As informações dos policiais e detentos foram absolutamente conflitantes. Os