Perversão
O presente trabalho tem por objetivo fazer uma reflexão sobre o entendimento psicanalítico das estruturas clínicas, dando ênfase na estrutura perversa.
Quando a Psicanálise nasce, traz consigo uma crítica á cultura que marcava o século XIX ao propor um outro estatuto ao inconsciente e à sexualidade. Atreve-se a dar voz a um sofrer psíquico que se denunciava pelo corpo, pelo sintoma. (Hausen, in Guaresch e Huning, 2007).
De acordo com Lebrun (2008), é válido remontar na obra de Freud a emergência do termo Verleugnung, traduzido como renegação, e depois por desmentido em um texto de 1923 dedicado à teoria da sexualidade, no escrito intitulado “A organização genital infantil.” Freud descreve assim o que acontece com os meninos pequenos: “Sabemos como reagem às primeiras impressões provocadas pela falta de pênis. Negam essa falta e creem ver apenas de tudo um membro; lançam um véu sobre a contradição entre observação e prejulgamento, indo buscar a esta conclusão de grande alcance afetivo: antes, ele de fato esteve ali e posteriormente foi retirado.” (Freud, 1923 apud Lebrun, 2008, p.56). A falta do pênis é concebida como o resultado de uma castração e a criança agora se vê no dever de enfrentar a relação da castração com sua própria pessoa. Anteriormente, Freud introduziu o que ele acha importante ressaltar em sua teoria da sexualidade, a “organização sexual infantil”. Nota-se que o que diferencia da organização genital do adulto, é que para os dois sexos, um único órgão genital, o órgão macho, tem um papel. Não