Perversão e psicanálise
4º ANO DO MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA CLÍNICA
TRABALHO PARA A CADEIRA DE PSICOPATOLOGIA DO ADULTO II
Perversão
Abordagem Psicanalítica
Filipa da Veiga Mègre Pacheco
Docente: Mestre Luís Filipe de Sousa e Sá
2009
La perversion, forme érotique de la haine
(Stoller, 1978, cit. por Haesevoets, 2003, p.133)
Introdução
O presente trabalho tem como objectivo apresentar diferentes posições teóricas no que concerne à problemática da perversão. Segundo a abordagem psicanalítica, a liberdade e normalidade, no âmbito da vivência saudável da sexualidade, dizem respeito à “transformação da sexualidade infantil perversa polimorfa num relacionamento carinhoso e de amor, no qual a gratificação emocional e a idealização reforçam e são reforçadas pelo encontro sexual” (Kernberg, 2006, p.98). Em 1995, Kernberg aponta como aspectos fundamentais para diferenciar o carácter normal do patológico o facto de um individuo ser capaz de retirar prazer de várias actividades e fantasias sexuais (remetendo aqui para a flexibilidade), de as integrar numa relação de carinho, relação esta que será caracterizada pela mutualidade do prazer sexual e da idealização dessa relação (Kernberg, 2006). Em psicopatologia, o termo perversão diz respeito a um tipo de acto, a uma conduta sexual (perversão sexual), a um carácter patológico, a um modo de relação com o outro marcado pela manipulação (Harrati, Vavassori & Villerbu, 2006). No seguimento desta pequena introdução onde se pretendeu clarificar o entendimento da normalidade neste campo, o próximo capítulo visa incidir sobre a própria definição de perversão, perversão sexual, perversidade e diferentes quadros teóricos que pretendem contribuir para uma maior compreensão do fenómeno.
As Teorias Psicanalíticas sobre a Perversão
Harrati et al (2006) apresentam definições diferenciadas de perversão sexual,