Personagens FHL
Textos Informativos Complementares
SEQUÊNCIA 3
As personagens em Felizmente Há Luar!
Ao longo de Felizmente Há Luar!, é possível agrupar as personagens em torno de dois núcleos fundamentais, que, no fundo, corroboram a divisão dual da peça ao nível das estruturas externa e interna. Assim, surge-nos o grupo daqueles que estão ligados ao poder e, nessa ordem de ideias, se opõem à influência exercida por Gomes Freire de Andrade e àquilo que este representa. Por outro lado, ou do outro lado, congregam-se as personagens que apoiam Gomes Freire, configurando o contrapoder ou antipoder, e assumindo, na defesa da justiça e da liberdade, a apologia do
General. No centro, figura em torno da qual todas as restantes gravitam, surge Gomes Freire de
Andrade. É por ele, ou contra ele, que todas as personagens se manifestam.
As personagens do poder ou a ele ligadas
EXP12 © Porto Editora
Neste grupo incluem-se os governantes e também aqueles que com eles compactuam para conduzir à prisão e execução de Gomes Freire: Vicente, Morais Sarmento e Andrade Corvo.
Os “três conscienciosos governadores do Reino”, como são ironicamente apresentados pelo autor
(p. 13), surgem em certo momento em cena “sentados em três cadeiras pesadas e ricas, com aparência de tronos” (p. 47), anunciando-nos este cenário a sua condição social e o seu estatuto (o poder associado ao trono, símbolo do rei que estes três governadores representam no país).
D. Miguel, na longa fala da página 69, através da sua linguagem inquieta, de estadista obstinado e avesso ao progresso, mostra-se o “pequeno tirano” prepotente e insensível, que deseja um
Portugal ignorante e submisso, o Portugal ideal para manter o seu poder. Em tom quase messiânico, diz que sonha “com um Portugal próspero e feliz, com um povo simples, bom e confiante, que viva”
– repare-se – apenas “lavrando e defendendo a terra, com os olhos postos no Senhor”. O seu “ardor patriótico” é falso e confirma a hipocrisia do