Personagens Femininas de Machado de Assis
“O caminhar é ter falta de lugar. É o processo de estar ausente e à procura de um próprio”
Michel de Certeau
“A atitude masculina em relação ao “segundo sexo” sempre foi contraditória, oscilando da atração à repulsão, da admiração à hostilidade.”
Jean Delumeau
As obras da fase realista de Machado de Assis têm como cenário a cidade do Rio de Janeiro do final do século XIX e início do século XX: seus personagens são representantes autênticos da sociedade vigente na época, as narrações são sempre conduzidas por protagonistas masculinos o que nos leva a crer que a mulher é sempre mostrada a partir de um ângulo que revela a visão do homem a respeito da condição feminina. Partindo do pressuposto que a sociedade da época era fortemente marcada pelo patriarcalismo e que nessa condição a figura feminina ideologicamente estava submissa ao homem, não é de se estranhar o fato de que, na maioria das vezes, são atribuídas à mulher posturas negativas. Vale citar algumas características de Capitu, personagem do romance Dom Casmurro: adúltera, dissimulada e muito sensual. Outro aspecto relevante que deve ser salientado a priori é o fato de que no século XIX a sociedade brasileira sofreu uma série de transformações que culminaram no advento do capitalismo e na conseqüente urbanização que passou a permitir novas formas de convivência social. Diante disso, cabe frisar, que a ascensão da burguesia trouxe para a sociedade uma nova mentalidade, uma maneira diferente de organização das vivências familiares e domésticas. O homem agora está diante de uma mulher que se entrega facilmente à sensibilidade e as novas formas de pensar o amor.
Com o advento dos novos tempos, os quais são marcados pelas mudanças de caráter político, social e econômico, a mulher até então presa ao ideário da família patriarcal ganha certas liberdades e ocupa novos espaços. Porém, ao mesmo