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Posto que o Capitão-mor dessa Vossa frota, e assim outros capetães escrevam a Vossa Alteza a nova do achamento desta Vossa terra nova, tome Vossa Alteza porém, minha ignorância por boa vontade, cria bom por certo que não porem aqui mas aquilo que vi e me pareceu.
A partida de Belém foi na segunda feira 9 de março. Sábado, dia 14 de março (às 8 e 9 horas) nos achamos entre as Canárias, mais perto da Gran Canária. E domingo, 22 de março (às 10 horas +-) houvemos vista das ilhas de Cabo Verde, ou melhor, da ilha de São Nicolau, segundo o dito de Pero Escolas, piloto.
Segunda-feira, ao amanhecer: “Capitão a nau de Vasco de Ataíde não é aparente, se perdeu capitão.” “Façamos uma uma diligência para encontra-lo.” “É capitão, não há meios de encontrar a nau de Vasco de Ataíde.” “Veja, Terra à Vista (Brasil)!” “Isso mesmo capitão, um grande monte, muito alto, redondo e de outras serras mais baixas ao sul.” O qual o capitão pôs o nome de Monte Pascoal (pois estavam nas oitavas de Páscoa) e a Terra ele pôs o nome de A Terra de Vera Cruz.
O capitão ordenou lançar prumo, pois ali passariam a noite de quarta-feira e pela manhã fariam vela e seguiam em direção à Terra. Dali avistaram homens que andavam pela praia eram pardos, todos nus, nas mãos traziam arcos com suas “setas” (flechas). Nicolau Coelho fez sinal para que pousassem os arcos, e eles pousaram, ali não pode deles haver fala nem entendimento de proveito, somente dele um barrete vermelho e uma carapuça de linho que levavam na cabeça. Um deles deu-no um sombreiro de pena de ave, com uma copazinha de penas vermelhas e pardas, como de um papagaio. Tais peças creio que o capitão manda à Vossa Alteza e com isso vouvemos as naus por ser tarde demais.
Já é manhã, de quinta-feira, e por conselho dos pilotos iriam levantar ancora, fazer vela e ir ao longo da costa, em direção ao norte, seguindo com os navios pequenos para acharem uma brigada (abrigo) e um bom pouso. E viajaram pela costa, acharam dentro nos