Perguntas
Eduardo Garcia C. do Amaral, Fernando Isao Kawahara e José Luiz Pastore Mello
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É de grande alcance o trabalho com o Mito da Caverna, de Platão. Trata-se de um dos textos mais conhecidos de toda a História da Filosofia, que recebeu inumeráveis adaptações e versões. Seja como for, o Mito da Caverna forma uma imagem do que é a Filosofia, mas não só: tem a ver também com toda forma de conhecimento quando desafia aquilo em que acreditamos e subverte nossas crenças. É por causa disso a admiração da qual falávamos. Em que acreditar? Por que acreditar nisso e não naquilo? Afinal, o que é a realidade? É esta na qual acreditamos? Por quais critérios definimos o que é real e verdadeiro? E alcançar o real, mais do que nele acreditar, é conhecê-lo? E se o real não for nada daquilo em que acreditamos? Tais são as perguntas que o Mito da Caverna suscita.
A primeira reflexão que propomos em alguma atividade com os alunos é que pensem a respeito dessas perguntas que enunciamos há pouco. De um modo geral, poderemos esperar como respostas dos alunos afirmações como “É real aquilo que é ‘concreto’, aquilo que eu posso ver, tocar, sentir…”. Nesse sentido, o critério que estabelece o que é real seriam as sensações. Poderíamos, então, dirigir aos alunos novas perguntas, como as que se seguem: Mas será que não consideramos também real aquilo que ouvimos falar, a depender de quem fale? Não acreditamos, por exemplo, nas imagens que vemos na televisão e no que nos diz o apresentador do jornal por confiarmos em sua palavra? Por acreditarmos, enfim, que o jornal que se apresenta na TV deve nos dizer a verdade dos fatos? Não acreditamos, por exemplo, na palavra do professor, por acreditarmos que ele deve saber a verdade? Pois há ainda outro critério para estabelecermos o que é real, ou o que acreditamos ser o real, que seria a confiança naquele que fala, por acreditarmos em sua autoridade. Mas também não perderíamos essa confiança, caso o