percepção visual
Michael Korfmann (Professor adjunto/UFRGS)
Tradução: Gina Brusamarello
O texto a seguir - no original intitulado Rideamus: Die Geschichte eines heiteren
Lebens / von ihm selber - foi escrito no final dos anos 40, em Porto Alegre, e publicado em
1951 pela editora Füllhorn de Berlim, sendo posteriormente reeditado pela editora
Goldmann como livro de bolso. Trata-se de uma “autobiografia” no espírito programático do escritor, Rideamus ou “Vamos rir”, em português. O livro apresenta um olhar sobre o passado e a vida do autor – cujo nome civil é Fritz Oliven – no qual elementos verídicos e ficcionais, momentos alegres e outros um pouco melancólicos se misturam. Como não era a intenção de Rideamus apresentar um depoimento fático, mas uma história marcada por um tom humano - humorístico, não se encontram aqui indícios diretos referentes ao tempo histórico em que viveu: a ascensão do nacional-socialismo, a perseguição e o extermínio dos judeus ou a fuga da Alemanha; também não fala sobre o exílio em Porto Alegre, onde chegou em 1939 e onde faleceu em 1956. Em vez disso o leitor pode se deliciar com cenas domésticas e profissionais bastante inspiradas e engraçadas, dando assim uma idéia das convivências e formas sociais predominantes na vida do autor e da época. Certamente esta opção se origina da qualidade maior do humor: o riso resiste a ordem fática e se retira de seu abraço, como Jean Paul já havia notado em relação a filosofia: “O risível nunca se encaixa nas definições dos filósofos”. Além do mais é de admirar que Rideamus, depois de ter passado por todo o sofrimento resultante do hitlerismo, ainda consiga manter uma postura humana e compreensiva, e a leveza que caracterizam as páginas aqui traduzidas pela primeira vez em português. Se a constatação d B. Brecht de que “nós, alemães, nos e gabamos muito de nossa seriedade, achamos que a leviandade é o oposto da seriedade e que aquela precisa ser condenada” pudesse, talvez,