Perca Tempo - Marcondes Filho
PRIMEIRO BLOCO DO LIVRO: MÁQUINA- MODELO HUMANO
CAPITULO 1 O dia em que começamos a nos tornar máquinas neuróticas
Começamos a nos tornar máquinas neuróticas aos poucos, em doses pausadas , controladas pela nossa cultura, pois a cultura somos nós mesmos, é nosso ambiente, nossa escola, nossa casa, nosso trabalho...
O processo de fabricação de máquinas neuróticas acontece com cada um individualmente e com a civilização humana.
Em nossa vida, começou quando nascemos e crescendo, fomos assimilando a cultura na família, escola, trabalho e só terminará no final da vida. Há uma correspondência direta entre nossa história pessoal e a da civilização.
Na história humana houve um tempo em que não estávamos tão ligados às maquinas... E nossa relação com o mundo era mais direta.
Com o inicio do desenvolvimento da ciência e técnica, há 500 anos, passamos a organizar e orientar nosso comportamento e vida conforme o modelo de agir das máquinas.
Todo esse caminho teve conseqüências marcantes para a nossa civilização.
Como somos dotados de corpo, frágil, sem resistência, instável, somos mais instáveis que a máquina.
A máquina é nosso modelo, nosso ideal, nosso sonho. Acariciamos o volante de um carro potente como se fosse o corpo de uma pessoa querida. Nos emocionamos com as imagens do telefone celular...Fomos enfeitiçados com as maquinas porque nós não somos nada disso.
Nossa ilusão: as máquinas não envelhecem. Basta trocar peças e fica novinha. Adoraríamos que nosso corpo fosse assim.
Desse modo, procuramos clínicas estéticas para correções, fruto do que o tempo provoca sobre nossos corpos e nossa vida, nossa maquina se desgasta e vira sucata.
Mas estamos contaminados pela ilusão maquínica: Impregnados por essa visão de mundo que parece ser única.As academias vivem lotadas... Todos fazem aparas nas imperfeições corporais, retoques na carroceria , enriquece os