Perca do Nilo no lago vitória
Em 1954, a perca-do-Nilo foi introduzida nas águas do Lago Victoria, o maior lago tropical do mundo, visando reverter o drástico declínio da população de peixes autóctones, em decorrência da sobrepesca. A perca se adaptou perfeitamente ao novo habitat, em detrimento das espécies locais.
Em 1977 as capturas de ciclídeos representavam 32% da pesca (em massa), e as de perca-do-nilo apenas 1%. Seis anos depois, as capturas de percas-do-Nilo eram cerca de 68%, frente a 1% de ciclídeos.
A perca contribuiu para a o desaparecimento da biodiversidade do lago, com a extinção de mais de 200 espécies endémicas de peixes, em razão da depredação e da competição por alimentos. Dentre as espécies autóctones, o lago abrigava sobretudo uma grande quantidade de espécies de ciclídeos, fruto da diversificação explosiva ocorrida há cerca de 12 000 anos.
Os peixes capturados eram secados em fogueiras; o corte de mais árvores deu lugar à posterior erosão; os resíduos decorrentes contribuíram para aumentar os níveis de nutrientes das águas do lago, o que possibilitou uma eutrofização do lago. A invasão de algas reduziu a concentração de oxigênio na água e causou a morte de mais peixes.
A carne da perca é mais rica em gordura do que a dos peixes autóctones e muito mais valorizada comercialmente. A exploração comercial provocou o abandono da pesca tradicional e, além de produzir um efeito devastador sobre o meio ambiente, e no modo de vida das comunidades que dependem do lago. O grupo de especialistas em espécies invasoras da IUCN2 incluiu a Lates niloticus entre as cem espécies invasoras mais nocivas do mundo.
Apesar disso, um relatório da FAO, publicado em 1987, concluiu que a pesca da perca-do-Nilo no lago Victoria constitui "um desenvolvimento extremamente positivo do ponto de vista do bem-estar humano" .3
As cifras de capturas