Pequena história da língua hebraica
Chaim Rabin
1 – UM PANORAMA GERAL
Por cerca de mil e trezentos anos, desde a conquista da Palestina, até após a guerra de Bar-Kohba, os judeus falaram o hebraico. Passaram então a falar outras línguas por mais de dezesseis séculos, até que o hebraico voltou a ser novamente falado na Palestina, há cerca de noventa anos. As causas da interrupção da utilização do hebraico como língua falada devem ser encontradas no fato de que, a partir do Exílio da Babilônia, grande parte do povo judeu falava outras línguas. Muitos falavam o hebraico esporadicamente. Há relatos sobre judeus de países distantes, que falavam hebraico quando se encontravam e não dominavam, em comum, nenhuma outra língua. Os judeus falavam hebraico nas feiras para não serem entendidos por seus clientes não judeus. Aos sábados, os homens pios falavam somente hebraico. Com tudo isso ninguém pensou em adotar o hebraico na linguagem cotidiana. Os judeus são o Povo do Livro; que importância poderia ter a conversação diária diante da língua do Livro?
2 – O DESENVOLVIMENTO DO HEBRAICO
Supõe-se, em geral, que o hebraico “morreu” após a destruição do Segundo Templo (ano 70 E.C.), passando a servir então, principalmente, como língua das orações; acredita-se também que, embora alguns livros tenham sido depois escritos em hebraico, a língua não sofreu acréscimos e permaneceu estagnada. Este ponto de vista é falho em vários aspectos. Primeiramente, apesar de ser verdadeiro que o hebraico deixou de ser falado, a atividade literária no período da diáspora foi imensa. Alguns milhares de palavras, de uso comum atualmente, foram tomados do aramaico talmúdico. O aramaico difere totalmente do hebraico na fonética, e na gramática mas o constante trato dos judeus com o Talmude Babilônico, e, mais tarde também com o Zohar, obra mística escrita em aramaico, levou à absorção de muitas palavras do aramaico, já na Idade Média, com pequenas alterações