Penso, logo existo. Sera?
Este é o princípio fundamental de toda a certeza racionalista. Para chegar ao 'penso, logo existo', Descartes utilizou-se da dúvida radical ou hiperbólica. Ele duvidou, inicialmente, de suas sensações como forma de conhecer o mundo, pois, se as sensações o enganaram pelo menos um vez; radicalizando: elas poderiam enganar sempre, portanto, as sensações enganam sempre. Posteriormente, através do argumento do sonho, duvidou da realidade externa e da realidade do seu corpo, pois, sonhando ou acordado, a percepção das duas realidades é a mesma, ou seja, há sonhos tão reais que não sabe-se se está sonhando. Através do argumento do gênio maligno, duvidou da certeza advinda das entidades matemáticas. Neste caso, haveria um gênio do mal que nos engana quanto à soma 2 + 3 = 5, a conta poderia ter outro resultado que não este. Para corroborar com este argumento de Descartes, hoje sabemos que a menor distância entre dois pontos é uma curva, de acordo com a matemática não euclidiana, e não uma reta. Mas, Descartes chegou a uma primeira certeza, ou seja, chegou a algo que não podia duvidar: o fato de que ele estava duvidando. Ele não teria como duvidar que estivesse duvidando, pois assim ele só confirma que está duvidando. Eis aí a primeira certeza: duvido, logo existo, mas duvidar é um modo de pensar, então: 'Penso, logo existo.', que significa: penso, logo tenho consciência de mim mesmo, ou penso, logo sei, ou penso, logo tenho consciência, ou penso, logo sei algo certo. É bom lembrar que esta certeza, a certeza cartesiana, não é a certeza da existência de um corpo de carne e osso, ela é sim a certeza da existência da mente; observe, não do cérebro, mas da mente. Que de acordo com Descartes é diferente do corpo. Quanto mais sei, mais sei que nada sei. E quanto mais percebo não saber mais sei que é preciso perceber para saber.