Pensar a Cidade
Resultado de algumas adaptações introduzidas no extracto de um texto escrito a propósito da minha participação no concurso de ideias para a requalificação da Baixa Portuense (1999), aqui ficam algumas notas que, na sua essência, condensam o modo de pensar a cidade (como arquitectura) subjacente às duas intervenções no projecto HABITARES SERRALVES:
Face ao figurativismo acéfalo de consumo efémero onde em parte radica a actual confusão a nível de referenciação dos modelos arquitectónicos, estarão na ordem do dia as acções tendentes a descodificar todas as intervenções redutoramente limitadas a simples operações de cosmética para
“embelezar” a cidade. Tais intervenções, conotadas com uma visão indisfarçavelmente “fachadista”, serão aquelas que, privilegiando o tratamento epidérmico dos edifícios, não entendem a sua imagem como indissociável das unidades arquitectónicas integrantes e das ideias da sua transformação.
Tal visão, sintoma de confrangedor provincianismo pouco dignificante para uma cidade que, como o
Porto, ainda recentemente se quis “europeia”, estará certamente presente na reabilitação de alguns segmentos significativos do Centro Histórico onde o recurso ao “pastiche” tem triunfado para gáudio dos amadores de cenários. Casos em que a dissociação entre características tipológicas, morfológicas e construtivas das unidade arquitectónicas tem informado amiúde uma concepção tendencialmente figurativa que, no fundo, condensa em si própria a negação da essência da organicidade da arquitectura que pretende retomar. Porque, e citando Louis Khan, “(...) um cavalo pintado com riscas não é uma zebra (...)”.
Como, e aí de modo caricatural, estará também presente na desastrosa política camarária que, apressadamente procurando esboçar desculpas para a voraz dinâmica neo-liberal de transformação da cidade, obriga à manutenção de fachadas antigas de alvenaria de granito em ruas nas quais, sob o pretexto de