penalização da miséria no Brasil
A penalização da miséria eo avanço do neoliberalismo
A criminalização a que estão sujeitos por toda a Europa os militantes dos movimentos sociais de desempregados, de sem-teto e contra a discriminação como pudemos ver de forma extrema nos ataques promovidos pela polícia aos manifestantes antiglobalização em Gênova, durante o encontro do G8, no verão de 2001 - não pode ser entendida fora do sentido amplo da penalização da pobreza, elaborada para administrar os efeitos das políticas neoliberais nos escalões mais baixos da estrutura social das sociedades avançadas.
As agressivas práticas policiais e as medidas de encarceramento adotadas hoje no continente europeu são parte integrante de um processo mais amplo de transformação do Estado, que foi posto em marcha pela mutação do trabalho assalariado e pela reversão da balança de poder, tanto na relação entre as classes como na luta dos grupos pelo controle do emprego e do Estado.
Nessa luta, o capital transnacional e as frações "modernizadoras" da burguesia e de altos escalões do Estado, aliados sob a bandeira do neoliberalismo, ganharam poder e empreenderam uma vasta campanha visando à reconstrução da autoridade pública. Com isso, seguem de mãos dadas a desregulação social, o advento do trabalho assalariado precário (contra um pano de fundo de continuado desemprego em massa na Europa e de sólido crescimento da "pobreza trabalhadora?" nos Estados Unidos) e o retorno de um velho estilo de Estado punitivo. A "mão invisível" do mercado de trabalho precarizado conseguiu seu complemento institucional no "pu~ho de ferro"
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Isso se relaciona ao crescimento do número de assalariados cuja renda se situa abaixo da linha da pobreza oficialmente definida. (N.T.)
As duas faces do gueto
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do Estado, que tem sido empregado para controlar desordens geradas pela difusão da insegurança social'.
A regulação da classe operária pelo que Pierre Bourdieu chama de a "mão esquerda" do Estado,