Pegada Ecológica
"Estamos consumindo a terra" - Reportagem do jornal italiano Republica, 25-10-2006, e uma entrevista com Pascal Acot, pesquisador do CNRS de Paris e autor de livros sobre a história da ecologia. http://www.unisinos.br/ihuonline/index.php?option=com_tema_capa&Itemid=23&task=detalhe&id=119&id_edicao=221 Eis a reportagem:
Em questões da natureza, como em economia, as contas devem andar equilibradas: só é possível endividar-se em condições de restituir. Ao utilizar os recursos da Terra, esta regra elementar foi negligenciada: retiramos mais água, mais minerais, mais árvores, mais peixes do que a quantidade que os ecossistemas podem produzir, ou seja, estamos comendo nosso capital, devoramos o ambiente com uma velocidade tal que terminamos com muitas das belezas que nos circundam.
Por 2050, esta voracidade terá atingido o seu acme; para sobreviver, necessitaremos de dois planetas, porque a riqueza do nosso bastará apenas para a metade da humanidade. É esta a previsão contida em Living Planet Report 2006, o último relatório do WWF. Um estudo que analisa com frieza contábil o andamento dos bens naturais, sem os quais os seres humanos não estão em condições de sobreviver. A pressão da humanidade pode ser imaginada como uma pegada ecológica, um sinal que no início era quase invisível e que hoje está gravado a fogo no avanço dos desertos, no derretimento das geleiras, no desaparecimento de boa parte dos 5 a 10 milhões de espécies com que compartilhamos o Planeta.
Em 2003, a pegada ecológica, isto é, o espaço requerido para as pastagens, as florestas, os lagos, as cidades necessárias para satisfazer a demanda de bens e serviços, era de 2,2 hectares por pessoa, enquanto a biocapacidade, isto é, a oferta do Planeta de recursos renováveis, era de 1,8 hectares por pessoa. Cobrir esta diferença de imediato é fácil, como ir ao banco e solicitar dinheiro emprestado, pelo menos até o limite que concedem.
Quando se começaram a fazer os