Pedrinha no sapato
Fiz essa foto do lixo na Suíça, onde morei por alguns meses depois de terminar minha pós-graduação na Itália. Em vez de coleta seletiva, o que vi na cidade de Aubonne foi uma “entrega seletiva”. Os moradores armazenavam o lixo em casa e, nos dias indicados, levavam tudo ao ponto de entrega.
Fiquei impressionada. Uma revolução aconteceu dentro de mim. Fui para casa sabendo que tinha uma missão a cumprir.
Reservei espaço na cozinha para acumular um monte de sacolas de lixo. Uma recebia só papéis; outra, papelões; uma sacola mais robusta ficou reservada aos vidros e outra ainda aos metais; separei uma para plásticos; e mais uma para garrafas PET (feitas de um plástico de outra densidade e que, por isso, é reciclado de maneira diferente).
Ah, quase esqueço! O óleo... O óleo que usava na cozinha também deveria ser levado ao ponto de coleta e reciclado. Os suíços não jogam óleo na pia da cozinha nem no vaso sanitário. Meu vizinho explicou que, quando faz frio, a gordura endurece, solidifica e pode entupir a tubulação.
Num sábado pela manhã retirei as sacolas da cozinha. O porta-malas do carro ficou pequeno, mas levei tudo ao ponto de coleta, onde encontrei muita gente fazendo o mesmo. Adorei ver crianças ajudando os pais a recolher as tampas de garrafas PET (que também são de outro material plástico, cuja reciclagem é diferente).
Cada sacola tinha um contêiner específico para ser despejada. Havia até um coletor menor destinado a pilhas e baterias. E havia o tal coletor para óleo. Curiosa, abri os contêineres e vi que os moradores da cidadezinha levavam muito a sério a tarefa.
Minha cozinha no Brasil é menor do que a que eu tinha na Suíça. Meu prédio também não tem um espaço com latões coloridos e cartazes explicativos que possam ser vistos pelos moradores. Mas, agora, nada me impedirá de separar o lixo da mesma forma. Aquela cidade e seus moradores precisam ser minha “pedrinha no sapato”.
Também gostaria que vocês se sentissem tão