pedofilia
Tratar todos os indivíduos que abusam ou exploram sexualmente de uma criança como se fossem pedófilos é, do ponto de vista clínico e legal, reconhecer que todos são portadores desse transtorno e que, nessa condição, podem ter uma punição atenuada. Esse equívoco conceitual – confundir pedofilia (doença) como abuso ou exploração sexual (tipificados como crime) tem sido uma prática recorrentemente utilizada pela mídia e até mesmo por profissionais que atuam na área da infância. O mais grave, ainda, é apontar muitas vezes de forma “espetacular” o problema, sem indicar soluções ou caminhos que possam fazer cessar essas graves modalidades de violência sexual cometida contra crianças e adolescentes. Denunciar o caso utilizando o Disque 100 para notificação ao Conselho Tutelar ou ainda informar às demais instâncias previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente são ações essenciais tanto para proteção da vítima quanto para responsabilização dos autores da violência.
No dia 20/08, um dos programas que considero como um dos mais inteligentes da televisão brasileira – o CQC -, ao abordar esse tema, embora reconheça que tenha sido bem intencionado, incorreu lamentavelmente nesses equívocos. Louve-se a iniciativa, mas ressalte-se a necessidade de esclarecer e complementar a matéria especialmente no sentido de evitar que pessoas que sintam os sintomas do transtorno, mas que nunca tenham praticado qualquer ato de violência contra crianças possam procurar atendimento, evitando, assim, o cometimento de atos que neste caso se configurariam como crime. Tais esclarecimentos prestariam uma relevante contribuição às ações de defesa dos direitos de nossas