Pedagogia
Quando a criança chega ao espaço da educação formal já traz, impregnados no seu comportamento cultural, os resíduos dessa história e desses hábitos de fruir a comunicação audiovisual. Mais do que tudo, assistir a filmes, vídeos e programas de TV são atos que envolvem escolha e prazer. O que se leva para compartilhar com o grupo são os gostos e identificações.Há um ritual de afirmações positivas que consagram situações de pertencimento identificadas, para além das palavras, em vestuários, gestualidades, jargões e imitações, embalados por músicas-tema. Como hão de reagir os alunos diante de uma atitude de julgamento e condenação intelectual e moral desse universo cultural que lhes é tão familiar e querido? Os hábitos midiáticos oferecem às crianças e aos jovens, algumas horas de lazer direto e outras tantas, indiretamente, nos papos e trocas com os amigos. Como a escola pode ser autoritária a ponto de desqualificar, com razões distantes e incompreensíveis, o gosto de seus alunos? O universo cultural, que a escola abriga e herda da vida dos alunos, precisa ser tratado com delicadeza e respeito. Digamos que no ambiente escolar o aluno pode receber um aperfeiçoamento de sua capacidade de leitura midiática, de modo a transformar essa sua cultura em instrumento de qualidade de vida e de cidadania. Antes de qualquer técnica ou método de trabalho com o audiovisual o professor precisa “se” (re)conhecer como espectador. Quais são seus hábitos e gostos midiáticos? Que emoções audiovisuais estão impregnadas em sua vida, configurando visões de mundo, comportamentos pessoais e sociais, orientando decisões cotidianas? Ao reconhecer em si essas influências o professor põe-se apto a reconhecer e a compartilhar com seus alunos esse mesmo ambiente afetivo-cultural. O grande desafio, no entanto, é integrar essa experiência diretamente ao desempenho didático de sua área de conhecimento. Neste ponto cabe outra afirmação