Pedagogia
PEDAGÓGICO
Crislei de Oliveira Custódio crislei.paula@usp.br Eixo: Pesquisa, Educação e seus Fundamentos
Resumo
O presente estudo visa propor a compreensão do fenômeno contemporâneo do esfacelamento da noção moderna de infância, constituída inicialmente na Renascença e consolidada como categoria social no século XIX por meio da massificação da forma escolar de educação moderna. Entende-se que sob os contornos da alta modernidade, nossa concepção de infância estaria em crise, pois as respostas e pilares da tradição que sustentavam a relação entre adultos e crianças não lançam mais luz sobre nossa experiência geracional com os novos na atualidade. A hiperindividualização dos sujeitos em nossos tempos, o deslocamento da centralidade da ação formativa para a essência da infância e seu valor intrínseco, o declínio da cultura letrada para a qual se direcionavam os esforços de inserção das crianças e o ideal pedagógico de formação da sociedade, bem como o imediatismo, fugacidade e simultaneidade da nossa experiência contemporânea com o tempo na vida cotidiana e, consequentemente, na escola são, de acordo com a hipótese aqui avocada, os elementos que apontam o viés pelo qual podemos pensar os impasses do conceito de infância e escolarização das crianças nos dias de hoje.
Palavras-chave: Infância, Alta Modernidade, Crise.
1.
A invenção da infância moderna e a escola
Referendada na mentalidade ocidental como uma etapa dotada de especificidade e
destinada à proteção e separação dos perigos e demandas do mundo adulto, a infância, nesses termos, é contingência e produto de uma realidade histórica e cultural. É fato que crianças sempre existiram, no entanto, o lugar social que a elas reservamos e a formação que nelas projetamos é algo que varia em cada época e sociedade.
O historiador Philippe Ariès afirma na obra “História Social da Criança e da Família” que a Idade