PEDAGOGIA
São Paulo
2014
Ao invés de abordar, como foi feito até hoje, o desenvolvimento da criança em termos de fases psicossexuais, pode-se adotar um outro caminho. O que poderia ser, para Freud, o fenômeno da aprendizagem? Em outras palavras, o que, no entender de Freud, habilita uma criança para o mundo do conhecimento? E, finalmente, em que circunstâncias essa busca do conhecimento se torna possível? No entanto, Freud, por sua própria posição frente ao conhecimento, gostava de pensar nos determinantes psíquicos que levam alguém a ser um “desejante de saber”. Nessa categoria incluem-se os cientistas, que devotam a vida à pergunta por quê, e as crianças, que, a partir de um determinado momento, bombardeiam os pais com por quês. O que se busca quando se quer aprender algo? Só a partir dela pode-se refletir sobre o que é o processo de aprendizagem, pois o processo depende da razão que motiva a busca de conhecimento. Por que a criança pergunta tanto?
A criança que pergunta por que chove, por que existem noite e dia, por que... e todo o resto, responde Freud, está na verdade interessada em dois porquês fundamentais: por que nascemos e por que morremos, ou, dito o modo clássico, de onde viemos e para onde vamos. Há, para Freud, um momento capital e decisivo na vida de todo ser humano: o momento da descoberta daquilo que ele chama de diferença sexual anatômica. Se, até então, os meninos e meninas acreditavam que todos os seres humanos eram ou deviam ser providos de pênis, a partir desse momento “descobrem” que o mundo se divide em homens e mulheres, em seres com pênis e seres sem pênis. Sejamos mais precisos. Essa descoberta não é propriamente uma descoberta, já que meninos e meninas terão tido oportunidade, antes dela, de observar que são diferentes. A diferença está na interpretação dada a esse fato. Meninos poderiam pensar, por exemplo, que as meninas não são iguais a eles, podem vir a sê-lo, quando