Pedagogia
A infância e seus destinos no contemporâneo*
Lucia Rabello de Castro
RESUMO
Partindo de uma concepção construcionista da infância, este artigo discute a afirmação de uma morte da infância no contemporâneo, frente às transformações que tendem a minimizar as diferenças entre adulto e criança. Pretende-se aqui neste trabalho exercitar novas possibilidades de se narrar a infância num duplo desdobramento: que estas narrativas possam localizar novas produções subjetivas dentro das mudanças histórico-culturais; e que a tentativa de se pensar o novo no contemporâneo possa também ser acompanhada de uma crítica cultural, ou seja, uma visão ético-política sobre nossa época. Palavras-chave: Infância; Consumo; Lógica da circulação; Analítica geracional; Crítica cultural.
alar em destinos da infância no contemporâneo enseja revisitar o conceito de infância, tal como se delineia no imaginário moderno, e serve de noção paradigmática para as avaliações que atualmente fazemos sobre o que acontece com as crianças e a infância de hoje. Falar em destinos da infância no contemporâneo nos conduz a refletir sobre nossos sonhos e nossas decepções, uma vez que a infância e outras noções como o tempo ou a morte nos provocam sobre os sentidos de nossa existência, mais precisamente sobre nossas origens. Neste trabalho, gostaria de problematizar algumas avaliações sobre a infância hoje, que se traduzem num mal-estar e numa inquietação que, creio eu, são resultado do apego a certas noções de infância, que, uma vez naturalizadas, servem de cânones a outras possibilidades de se fazer a infância. Em segundo lugar, gostaria de indicar como as condições do contemporâneo podem dar lugar a um pessimismo crítico e ativo, no sentido de que, evitando-se qualquer euforia, se possam reconhecer as perdas, o tempo e a infância que passaram, e apostar e agir no presente para a construção de outras
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• Texto recebido em abril de 2002 e aprovado para