pedagogia do capital
A repolitização da política veio se efetivando nas décadas iniciais deste novo século de duas maneiras concomitantes: por meio da reestruturação das práticas governamentais para o crescimento econômico mundial e o estabelecimento da coesão social em tempos de supressão de conquistas da organização dos trabalhadores e, por intermédio de uma profunda reestruturação da natureza e das práticas dos organismos da sociedade civil voltados para a legitimação da ordem capitalista.
Ao mesmo tempo em que os governos limitam sua ação principal na reprodução da capital, reprodução da força de trabalho e na obtenção de consenso, também articula o desenvolvimento de políticas públicas desenvolvidas no âmbito privado. Ocorrendo assim uma simbiose entre público e privado e uma parceria no mínimo duvidosa, porém vende-se a ideia de interação do público e do privado para a busca de bem estar social fomentando assim a alienação.
Com isso, implementa-se, de modo específico, em cada sociedade singular capitalista, mais uma dimensão do novo modo de fazer política – que reduz as lutas da classe trabalhadora a plano imediato de conquistas secundárias dentro das regras do jogo capitalista.
Dá-se a legitimação social ao novo projeto mundial de dominação de classe por meio de diferentes estratégias de obtenção de consenso: a divulgação pela mídia, em diferentes línguas, do individualismo do valor moral radical; a refuncionalização dos organismos de síntese da classe trabalhadora (partidos e sindicatos), transformando os militantes políticos da contra-hegemonia em voluntários da construção da harmonia social; e , a criação de novos intelectuais coletivos (as chamadas organizações não governamentais)