PEDAGOGIA DA AUTONOMIA: Saberes necessários à prática educativa
Autor: Paulo Freire
Editora Paz e Terra – 2001 - 20ª Edição
• CAPÍTULO 2 – ENSINAR NÃO É TRANSFERIR CONHECIMENTO
O autor coloca que as considerações feitas até aqui são desdobramentos de um primeiro saber inicialmente apontado como necessário à formação docente: Saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. Este saber não apenas precisa ser apreendido por ele e pelos educandos na sua razão de ser, mas também precisa ser constantemente testemunhado, vivido. Para tanto, é preciso que o discurso sobre a teoria seja o exemplo concreto, prático, da teoria. “Sua encarnação”. O autor dá como exemplo que não adianta um educador discursar contra os preconceitos de raça, mas no dia seguinte dizer em sala: “Madalena é negra, mas é competente e responsável”.
• 2.1 ENSINAR EXIGE CONSCIÊNCIA DO INACABAMENTO
O autor afirma que o inacabamento do ser, ou sua inconclusão, é próprio da experiência vital. Mas só entre os seres humanos o inacabamento tornou-se consciente. E é partir dessa consciência que os humanos desenvolveram sua dimensão ética; a valorização da individualidade em detrimento da espécie; a transformação do suporte (as condições de vida) em mundo; e a própria invenção da existência. Esta última envolve, necessariamente, a linguagem, a cultura, a comunicação mais complexa; a “espiritualização” do mundo, a possibilidade de embelezar o mundo; e tudo isso inscrevia mulheres e homens como seres éticos. “No momento em que os seres humanos, intervindo no suporte, foram criando o mundo, inventando a linguagem com que passaram a dar nome às coisas que faziam com a ação sobre o mundo, na medida em que se foram habilitando a inteligir o mundo e criaram por consequências a necessária comunicabilidade do inteligido, já não foi possível existir a não ser disponível à tensão radical entre o bem e o mal, entre a dignidade e a