pecadosdatrib
6310 palavras
26 páginas
Os pecados da tribo - José J. VeigaProfessor: Edna Eloi
O romance Os pecados da tribo, de José J. Veiga, foi publicado em 1976 e enquadra-se na categoria "o romance da sátira política surrealista".
Os pecados da tribo cria uma comunidade fantasiosa interpretada correntemente como uma alegoria do regime militar sob o qual foi gerido. O enredo cai na descrição de um regime totalitário e a reação de um homem em busca de sua humanidade, o indivíduo contra a ditadura instaurada.
A construção de uma realidade alegórica atinge maior porporção nesse romance, cuja ação se passa totalmente em comunidades imaginárias. A Tribo, localizada em nosso futuro próximo, é uma espécie de comunidade pós-apocalíptica (embora não haja menção a nenhuma hecatombe, guerra ou desastre), bastante primitiva, onde indícios de nossa civilização fazem-se notar através de relíquias antigas e prédios submersos na densa vegetação.
O narrador de Os pecados da tribo é um rapaz não nomeado, cujo irmão, Rudêncio, é corrompido pelo poder, e conta a história de sua comunidade em forma de um diário (embora não datado). Como não tem acesso aos eventos que se passam no palácio, principalmente com o golpe de estado do Uiua, um animal que fala e demonstra inteligência e liderança, o leitor cúmplice não tem acesso à verdadeira natureza dos eventos que presencia. Deste modo, sem acesso a uma possível causalidade regente do comportamento de toda a cidade, somos postos diante de ações sem nenhum sentido, como no capítulo "Fazemos o que nos mandam", quando o narrador e um grupo de pessoas cavam, sob pressão, e sem nenhuma finalidade, um imenso buraco no chão.
É o exercício do poder pelo poder.
A sociedade de Os pecados da tribo vive em um futuro indeterminado de nosso mundo, do que há indícios constantes, como os restos do que fora um aeroporto, para o narrador um "tabuleiro" onde pousavam "naus celestes" nos "tempos antigos". Na
Tribo, as escavações revelam objetos dos “antigos”, verdadeiros enigmas a serem