Pe A Iracema Roteiro
Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira.
O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.
Diante dela e todo a contemplá-la está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos olhos o azul triste das águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo.
(Nathalia) Iracema: *Espanto*
-Oh, um espírito do mau!
(Atira uma flecha no Martim [Bruno])
(Henrique) Narrador:
A mão que rápida ferira, estancou mais rápida e compassiva o sangue que gotejava. Depois
Iracema quebrou a flecha homicida: deu a haste ao desconhecido, guardando consigo a ponta farpada. (Bruno) Martim:
— Quebras comigo a flecha da paz?
(Nathalia) Iracema:
— Quem te ensinou guerreiro branco, a linguagem de meus irmãos? Donde vieste a estas matas, que nunca viram outro guerreiro como tu?
(Bruno) Martim:
— Venho de bem longe. Venho das terras que teus irmãos já possuíram.
(Nathalia) Iracema:
— Bem-vindo seja o estrangeiro aos campos dos tabajaras. Vamos a cabana de meu pai.
(Henrique) Narrador:
Quando os viajantes entraram na densa penumbra do bosque, então seu olhar como o do tigre, afeito às trevas, conheceu Iracema e viu que a seguia um jovem guerreiro, de estranha raça e longes terras.
As tribos tabajaras, d’além Ibiapaba, falavam de uma nova raça de guerreiros, alvos como flores de borrasca, e vindos de remota plaga às margens do Mearim. O ancião pensou que fosse um guerreiro semelhante, aquele que pisava os campos nativos.
Tranquilo, esperou.
(Nathalia) Iracema: *Aponta para o estrangeiro e diz:*
— Ele veio pai.
(Henrique) Narrador:
O pajé passou o cachimbo ao estrangeiro; e entraram ambos na cabana.
Depois a virgem entrou com a igaçaba, que enchera