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Formas crepusculares, dores silenciosas: o teatro simbolista de Roberto Gomes
Elen de MEDEIROS1
Universidade de São Paulo – USP
“Il y a un tragique quotidien qui est bien plus réel, bien plus profond et bien plus conforme à notre être véritable que le tragique des grandes aventures.”
(Maurice Maeterlinck, Le tragique quotidien) 1. SILÊNCIO E INAÇÃO – O ANTITEATRO
O teatro simbolista teve suas primeiras manifestações na
França, no final do século XIX, e tem o dramaturgo belga
Maurice Maeterlinck como principal expoente dessa estética precursora de um teatro de vanguarda. Com um princípio nãonacionalista, rompeu as fronteiras e se estendeu por parte do mundo ocidental,
impulsionando
poetas,
dramaturgos
e
encenadores na composição de um teatro estático; ou, ao menos, um teatro que rompesse com a forma dialógica como principal elemento de comunicação dramática. Embora tenha causado uma repercussão significativa nos palcos – especialmente pela mão de encenadores como Lugné-Poe, na França, e Meyerhold, na
Rússia2 –, essa estética acabou sendo parcialmente esquecida, mesmo que ainda hoje seja possível verificar suas influências indiretas. Um teatro que é muito mais marcado pela poesia do que
Mestre e doutora em Teoria e História Literária pelo Instituto de Estudos da
Linguagem, IEL, da Unicamp, atualmente desenvolve pesquisa de pósdoutorado na Universidade de São Paulo. Especialista no teatro de Nelson
Rodrigues, tem se dedicado ao estudo da teoria do drama moderno. É membro-fundador do Grupo de Estudos em Dramaturgia Letra e Ato, vinculado ao Departamento de Artes Cênicas (IA), da Unicamp. E-mail: elendemedeiros@hotmail.com. 2 É preciso considerar, para a história do teatro, as significativas transformações estéticas causadas pelo teatro simbolista. Não apenas no âmbito da composição dramática essa estética proporcionou um novo olhar, mas também para a cena moderna que se constituirá ao longo do século XX.
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