Paulo Freire e a Educação em Museus
Já há algum tempo o papel dos museus como lugares de educação é amplamente discutido. As instituições museológicas carregam em si a potencialidade da descoberta, do “re-olhar” e da reflexão crítica, porque proporcionam, através de experiências, tanto no campo sensível quanto no subjetivo, que o visitante possa elaborar os conteúdos ali expostos e seja também agente na construção do seu conhecimento mediado por esses espaços. Do estranhamento perante os acervos nascem questionamentos e, assim, a busca por preencher lacunas, sanar ideias preconcebidas, desvelar o implícito, pensar sobre o que está exposto e até mesmo ir além do que está posto nas exposições. Esse potencial inerentemente educativo dos museus estaria situado no que conceitualmente podemos chamar de Dimensão Educativa1 dessas instituições. A partir desta dimensão pode-se considerar que a prática da educação é uma constante no universo dos museus desde os seus primórdios, porém essa preocupação segue os contornos atribuídos às diferentes abordagens de instrução que encontramos em cada momento histórico.
[...] o processo de configuração dos museus está intimamente ligado à trajetória da educação. Os museus e a educação possuem papel definido nas sociedades e deles a sociedade se vale, para o bem ou para o mal, seguindo as orientações presentes na conjuntura de seus processos de formação de opinião e lócus de poder, de liberdade e submissão, caracterizando assim, uma experiência social construída.
Os caminhos que as práticas museais e a educação percorrem refletem o desejo de uma época e as aspirações provenientes de momentos historicamente definidos e imbricados por interesses diversos (PEREIRA, 2010, p.18). A realidade específica que pretendo abordar na minha pesquisa de Mestrado refere-se à transição das práticas atribuídas a uma Dimensão Educativa nos museus do Rio Grande do Sul para uma Função Educativa2 nas instituições