Paul gilroy e o atlantico negro
Contrariando teses que classificam o negro como incapaz, não pensante e delimitado como animal ou entre o intermédio homem – animal, Gilroy torna evidente uma disposição antirracista. Pormenoriza, nesse sentido, a ideia de que a diáspora possibilitou via enriquecimento cultural, arma contra o etnocentrismo do qual a cultura negra é vitima.
Gilroy enfatiza a música como uma das manifestações provenientes do processo da diáspora negra. Fornece, nesse sentido, um arcabouço teórico para fundamentar a singularidade e especificidade de outras heranças culturais. Tais heranças, segundo o autor, são resultados de modificações ocorridas no processo de comunicação inter povos. Ocorreu, portanto, o processo de geocultura - interação e troca que transitaram e conseguiram transpor as barreiras territoriais.
A música e a dança, segundo Gilroy, serviram de canto de liberdade para os negros. Tais manifestações representaram para o negro formas de resistência e expressão cultural, que serviram como forma de amenizar as restrições a que o corpo e a mente do negro era submetidas. Sem poder exercer qualquer atividade intelectual, religiosa e politica, eles encontraram na arte sua forma de gritar os seus anseios, manifestar herança cultural e sair do estado de absoluto cerceamento. Como até mesmo a alfabetização lhes era negada, o corpo era quem falava através da dança e música.
Para desenvolver a temática, Gilroy traz relatos de vida de alguns dos primeiros intelectuais negros como W. E. B. Du Bois, Richard Wright, Martin Delany, Frederick Douglas. Para Gilroy deve ser dada a devida importância a emergência destes autores no cenário intelectual, também, deve se desmistificar, romper barreiras raciais e