Patrimonio Cultural
Departamento de História da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais - UNESP / Franca
RESUMO: Neste texto procura-se abordar as diversas dimensões da temporalidade como componente indispensável ao pensar histórico, ao fazer e ensinar História. Distinguem-se as concepções de História baseadas no estudo do passado daquela voltada para o estudo do tempo presente. O tratamento da dimensão temporal da História constitui uma das dificuldades do seu ensino para crianças e, neste texto, procura-se oferecer alguns aportes para o trabalho do professor com alunos do Ensino Fundamental.
Palavras-chave: tempo, temporalidade, tempo presente, processo histórico, tempo histórico.
O HISTORIADOR, PESSOA DO SEU TEMPO1
1. As reflexões que se seguem constituem uma retomada do texto publicado pelo Programa
PEC – Formação Universitária,
Tema 7, Módulo 2, Unidade
7.2. 2002, p. 1561-1566.
Este livro eu o fiz de mim mesmo, de minha vida e de meu coração.
Brotou de minha experiência, muito mais que de meu estudo.
Tirei-o da observação, das relações de amizade e vizinhança, coligi-o ao longo dos caminhos; o acaso gosta de servir àquele que o persegue sempre com um mesmo pensamento.
Enfim, encontrei-o sobretudo nas recordações de juventude.
Para conhecer a vida do povo, seus trabalhos, seus sofrimentos, bastava-me interrogar as lembranças. (MICHELET, 1988, p. 2)
O questionamento sobre a relação entre o historiador e o tempo constitui aspecto decisivo da tarefa de ensino-aprendizagem da História. Trabalhando com relatos, com discursos produzidos sobre a experiência humana, o historiador desvenda um mundo temporal em sua obra. Ao fazê-lo, permite que o tempo se torne humano na medida em que está articulado de maneira narrativa, tendo como ponto de partida o presente.
Difícil tarefa a de estabelecer a dimensão do tempo presente. A dificuldade em fixá-lo nos leva a indagar: trata-se de minuto, hora, dia, mês, ano? Seu aspecto fugaz leva a concluir