Passeio Noturno
O ambiente de “Passeio Noturno” destaca a violência e a criminalidade, extrapolando todos os limites e fronteiras. Expõe a classe pobre e marginalizada à mercê dos ricos e poderosos. Esse mundo é a representação de um ambiente urbano, num país industrial, que avança sob a influência de culturas estrangeiras e do capitalismo em expansão. O consumismo e a futilidade caracterizam a instituição familiar moderna e egoísta, formada por pessoas que visam à posição social, bens materiais, cujos laços se baseiam em meras relações financeiras. É nesse mundo onde convivem os ricos – como o narrador personagem – e os habitantes das classes mais desvalidas do subúrbio. Assim, a criminalidade nesse macroespaço não se restringe aos pobres. A violência é também praticada por indivíduos da classe social mais elevada. O dinheiro gera, em um polo, o poder dos opressores e, em outro, seres excluídos, cujas vidas não possuem nenhum valor.
Mas, o que mais choca no conto não é o ato de matar e a consequente existência de um assassino, o que realmente abala é o ato extremamente banalizado, a frieza das ações que sequer são movidas por um sentimento de justiça, que não atormentam o personagem, nem geram nele qualquer resquício de remorso.
Embora escrito em 1975, a temática do conto é bastante atual, se levarmos em conta os graves problemas sociais na realidade da periferia das grandes cidades brasileiras, onde os crimes são praticados por todas as classes. Os pobres os cometem, por vezes, movidos pelo desejo de obter o que só os ricos têm. Estes, por sua vez,