Passagem do pensamento Mítico para o Racional
Um dos modos talvez mais simples e menos polêmicos de se caracterizar a filosofia é através de sua história. A forma de pensamento que nasce na Grécia antiga, por volta do séc. VI a.C.
Se afirmamos que o conhecimento científico, de cuja tradição somos herdeiros, surge na Grécia por volta do séc. VI a.C., nosso primeiro passo deverá ser procurar entender porque se considera que esse novo tipo de pensamento aparece aí pela primeira vez e o que significa essa “ciência” cujo surgimento coincide coma a emergência do pensamento filosófico. Quando dizemos que o pensamento filosófico-científico surge nana Grécia, caracterizando-o como uma forma especifica de o homem tentar entender o mundo que o cerca, isto não quer dizer que anteriormente não houvesse também outras formas de se entender essa realidade.
O pensamento mítico consiste em uma forma pela qual um povo explica aspectos essenciais da realidade em que vivi: a origem do mundo, o funcionamento da natureza e dos processos naturais e as origens deste povo deste povo, bem como seus valores básicos. O mito caracteriza-se, sobretudo pelo modo como estas explicações são dadas, ou seja, pelo tipo de discurso que constitui.
O próprio termo grego mythos significa um tipo bastante especial de discurso, o discurso fictício ou imaginário, sendo por vezes até mesmo sinônimo de “mentira” É Aristóteles que afirma ser Tales de Mileto, no séc. VI a.C., o iniciador do pensamento filosófico-científico. Podemos considerar que este pensamento nasce basicamente de uma insatisfação como o tipo de explicação do real que encontramos no pensamento mítico. De fato, desse ponto de vista, o pensamento mítico tem uma característica até certo ponto paradoxal. Se, por um lado, pretende fornecer uma explicação da realidade, por outro lado, recorre nessa explicação ao mistério e ao sobrenatural, ou seja, exatamente àquilo que não se pode explicar, que não se pode compreender por estar fora do plano