Parto Human
(...) no campo da saúde, humanização diz respeito à uma aposta ético-estético-política: ética porque implica a atitude de usuários, gestores e trabalhadores de saúde comprometidos e corresponsáveis; estética porque relativa ao processo de produção de saúde e de subjetividades autônomas e protagonistas; política porque se refere à organização social das práticas de atenção e gestão na rede do SUS (BRASIL, s/d).
A partir da PNH, pensa-se o processo de humanização entendendo esta como uma possibilidade da ação tanto dos que fazem uso do serviço como daqueles que o disponibilizam no intuito de produzir protagonismo e autonomia. Com isso em mente, cabe-se pensar o processo de humanização do parto e naqueles que protagonizam, de fato, esse momento. Tem-se desde a década de 40, de maneira evidente, um grande crescimento da “hospitalização” do parto. Até o final do século passado, mais de 90% dos partos foram realizados em hospitais, o que antes era realizado majoritariamente nas casas. Somando-se a isso, viu-se um crescimento industrial e tecnológico crescente que também trouxe consigo uma abordagem mais tecnicista do mundo. E a saúde não ficou de fora disso. Essa ideia inclusive beneficiou os hospitais, que foram entendidos como “locais privilegiados para a provisão de serviços de saúde” (RATTNER, 2009). Dentro de tudo isso, a questão de algo humanístico, de relação mais interpessoal, foi um pouco desconsiderada do processo.
A questão do momento de “dar à luz” entra, então, na lógica da indústria. Como exemplo disso, tem-se o aumento considerável do número de cesáreas agendadas, a partir do que convém aos profissionais e organizações, com uma taxa de 70% a 100% desse procedimento em algumas instituições.
Atualmente a relação profissional de saúde versus paciente (médico versus mãe) é de grande discrepância, fazendo com que as mulheres sintam-se menos capacitadas para suas escolhas, dificultando a participação nas decisões diante das questões