Partidos políticos no brasil
Oficialmente, os partidos políticos já existem no Brasil há mais de cento e sessenta anos. Nenhum deles, porém, dos bem mais de duzentos que surgiram nesse tempo todo, durou muito. Não existem partidos centenários no país, como é comum, por exemplo, nos Estados Unidos, onde democratas (desde 1790) e republicanos (desde 1837) alternam-se no poder. E o motivo disso, dessa precariedade partidária, da falta de enraizamento histórico dos programas nas camadas sociais é a inconstância da vida política brasileira.
Mudanças bruscas
Marcada por acontecimentos bruscos - mudanças de regime ou revoluções - que golpearam a existência dos partidos, eles se viram forçados a sempre terem que começar praticamente do zero uma nova trajetória a cada uma das interrupções sofridas. Tais rompimentos foram assinalados pela implantação da república, em 1889, que sepultou os partidos monarquistas; pela Revolução de 1930, que desativou os partidos republicanos “carcomidos”; pelo Estado Novo (1937-1945) o qual vedou a existência de partidos; e pelo Regime Militar de 1964 que confinou os partidos num quadro de ferro.
Outra tese interessante é a que sustenta que de fato o Brasil foi sempre dominado por um só partido – o das classes proprietárias. Aferradas ao poder desde os tempos coloniais, quando monopolizaram o acesso às terras, à mão-de-obra e aos principais cargos públicos, elas simplesmente adaptam-se aos tempos, seguindo o exemplo do mitológico Proteu, o deus marinho que metamorfoseava-se, assumindo a forma e a feição necessária exigida pelo momento. Ora conservadoras, ora modernizadoras, ora reacionárias, ora progressistas, é sempre a mesma casta e seus descendentes, capaz de trocar de pele quando preciso, preferindo a conciliação do que o conflito, que conduz as coisas maiores no Brasil. (*)
Por conseguinte, é o Partido do Patriciado, hábil em cooptar sangue novo ou absorver e domesticar talentos vindos de baixo, o único partido realmente governante