parte da pesquisa
MARTINS, Alcir
Universidade Federal de Santa Maria
Palavras-chave: pragmatismo, disputa, universidade, gramática, justificação
Não é em toda manhã que se presenciará cena como aquela: um presidente da República, de grande popularidade, discursava para uma plateia adversa numa cidade do interior do país e recebia expressa hostilidade e rejeição. Pois na cidade de São Carlos estiveram frente a frente o Presidente Lula e um grupo de cerca de 200 estudantes¹ que ousavam questionar supostas benfeitorias governamentais. Tratava-se de apenas uma das diversas oportunidades em que Luís Inácio Lula da Silva teria que ‘suar a camisa’ e ‘gastar seu latim’ para defender algumas das bandeiras de seu governo, então em primeiro mandato.
Os gritos de “Mentira! Mentira!” não estavam simplesmente demarcando o dia seguinte, 1º de abril de 2005, mas apontavam para uma tentativa de romper com o tom monológico e monolítico com que Lula esteve acostumado a conduzir seus mandatos.
Para fins de contextualização, é importante situar Luís Inácio no panteão dos fenômenos eleitorais, ao gosto da massificação e popularização sacramentadas no século XX em que as eleições se transformaram também em feitos da comunicação de massa; sendo pouco além de procedimentos e protocolos que denotam o modelo de democracia consagrado ao longo do século passado (MOUFFE, 2005)².
De liderança sindical carismática, em meados dos anos 70 e 80 do século passado à presidente mais votado proporcional e absolutamente no início do século XXI, Lula passou também de alternativa radical à opção palatável e deglutível pelas elites nacionais e pelo setor financeiro³. Já ocupando o Palácio do Planalto, a partir de 2003 assume compromissos impopulares, retomando propostas emperradas no governo de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, como, por exemplo, a traumática Reforma da Previdência de 2003.
Luís Inácio sempre fez uso da sua origem simples e da sua