Parsons
1. Na sua celebrada obra Divisão do Trabalho Social, Émile Durkheim lança as bases para a compreensão do fenômeno através do qual a sociedade muda em função de um processo de crescente especialização institucional. Preocupado que era com o estabelecimento de uma morfologia social que tipologizasse a variedade de formas (espécies) sociais, o autor em foco advogava a necessidade da sociologia operar por analogia com a biologia a fim de dar conta do desenvolvimento evolutivo das formações sociais.
2. Nesse nível argumentativo, caberia ao sociólogo conceber a sociedade como um organismo, procurando estabelecer os mecanismos responsáveis pela distribuição das funções dos órgãos interdependentes que conformariam as partes constituintes do todo social. Grosso modo, a perspectiva durkheimiana seguiria uma perspectiva evolutiva, na medida em que pregava que a maior especialização institucional levaria a uma complexificação inelutável das estruturas sociais.
3. Isso é nitidamente verificado na sua teorização acerca da passagem de uma sociedade de tipo orgânica para outra de tipo mecânica (cf. Durkheim, 1975). O que haveria por trás desse processo seria um fenômeno de diferenciação crescente na sociedade correspondente à crescente individuação.
4. A questão suscitada por Durkheim foi fundadora da problemática concernente à diferenciação, sobre a qual posteriormente se debruçaram diversos autores, sendo Parsons um dos mais importantes a retomá-la. A herança legada pelo sociólogo francês consistia primordialmente em levar a termo a tensão entre um suposto nível de tendência geral à crescente especialização institucional, o mecanismo causal desencadeador de uma tal tendência e os desenvolvimentos históricos envolvidos neste processo. Estes três elementos constituem o que alguns neofuncionalistas designam "problema de Durkheim". Em linhas gerais, se pode dizer que aí está o ponta-pé inicial para a discussão sobre diferenciação.
Adaptação e