Paranapiacaba
Como as cidades medievais, acomodando-se em terrenos acidentados e à imagem das províncias portuguesas, as povoações brasileiras mais antigas são marcadas pela irregularidade. É constante a presença das ruas tortas, das esquinas em ângulo diferente, da variação da largura nos logradouros de todo o tipo, do sobe-e-desce das ladeiras. O sítio urbano, geralmente, decide e justifica esses traçados irregulares.
A Parte Alta, no entanto, sofreu com a falta de assistência nos serviços urbanos e, até a década de 1960 era a companhia ferroviária que fornecia luz e água para a Parte Alta: somente a Igreja e o Clube Recreativo Flor da Serra possuíam luz elétrica, enquanto o restante do Morro vivia às escuras; a água era obtida por meio de três torneiras localizadas no Largo da Igreja, na Rua João Antunes e na Rua William Speers. Pavimentação não existia e, em local de muita umidade, era constante atolar pelos caminhos. A falta de luz elétrica em todo o Morro fazia Paranapiacaba um recanto abandonado de todos e um lugar que precisava de melhoria urgente.
As famílias viviam ali em péssimas condições higiênicas (o que era um motivo para atrair certas epidemias), o local chegava a cheirar mal. A maior parte das famílias aloja-se em verdadeiros cortiços, sem ar, sem luz, entre paredes a ressumar humildade. As casas encastelam-se umas sobre as outras, e as paredes meias comprometem a intimidade do lar. No interior das casas há falta de espaço. As casas são pintadas de cores escuras e carregadas que criam um ambiente de angústia e tristeza. Algumas cozinhas fazem parede com o barranco. A nosso ver seria necessário interditar certas (casas) e estabelecer posturas municipais para as construções novas e a reforma das casas velhas.
Somente no final da década de 1950, a administração municipal assumiu a responsabilidade na prestação de serviços urbanos na área, implantando redes de água e esgotamento sanitário e de energia elétrica e foi iniciado o