Paralelo entre o filme fahrenheit 451 e o livro a república de platão
Neste trabalho, iremos traçar um paralelo entre a obra A República de Platão e o longa Fahrenheit 451 (1966 – François Truffaut). A República é escrita em diálogos em que Platão discorre sobre seu pensamento acerca da cidade perfeita e o homem ideal. Podemos verificar uma ideia semelhante no filme Fahrenheit 451, em que a sociedade é tida como perfeita, com normas criadas para o bem comum em que as pessoas vivem sob um sistema totalitário.
O enredo do filme trata de um futuro imaginário, em que os livros são proibidos. O título se refere à temperatura em que os livros são queimados. Os “bombeiros" têm como função principal queimar qualquer tipo de material impresso, pois para esta sociedade a literatura levaria à infelicidade já que transmitem e criam diferenças, gerando desejos e frustrações nos seres humanos.
Em A República, Platão diz que na cidade perfeita, não podem coexistir a poesia, baseada na imitação, e a verdade suprema. Assim como no Estado totalitário de Fahrenheit 451, a população não tem acesso ao conhecimento, já que os livros são proibidos, em A República, a verdade está restrita aos filósofos que são os únicos que saberiam usá-la.
No Livro Três de A República, Sócrates admite que somente os governantes têm o direito de mentir aos súditos se a finalidade for o bem da cidade, o que pode ser entendido como um controle do Estado sobre a população. “Se compete a alguém mentir, é aos líderes da cidade, no interesse da própria cidade,(...,) a todas as demais pessoas não é lícito este recurso”.
O terceiro livro trata da educação dos guardiões, que tem que ser ensinados com as virtudes da coragem e da temperança, e devem rejeitar as poesias e os mitos que suscitam o medo da morte. Podemos traçar um paralelo com a proibição dos livros, em Fahrenheit 451, que são vistos como danosos à sociedade. Podemos verificar isto na fala do bombeiro Montag.