Parabola
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Zé Luís
Confesso:
Detesto filmes sobre zumbis, e não é com pouca estranheza que vejo multiplicarem-se produções cinematográficas, séries, jogos eletrônicos, tudo sobre pessoas que, de alguma forma bizarra, continuam andando pela terra após morrerem. De praxe, algum vírus os matam, e sua (in?)existência persiste apenas para alimentar-se dos que ainda vivem. Eles não tem estomago, intestino, paladar, olfato, mas tem um apetite insano pela vida alheia.
Ainda adolescente, assisti no cinema o lançamento “O retorno dos Mortos Vivos” (na verdade, tinha ido assistir Guerra nas Estrelas, mas tinha saído de cartaz, e não ia perder a viagem... droga). Já joguei Resident Evil em diversas plataformas – e vi os filmes também (você deve estar se perguntando: “Se não gosta, porque assiste ou joga?” Boa pergunta...). "Eu sou a Lenda", com zumbis inteligentes e meio vampiros, e um monte de outros que me fogem a mente agora.
Vejo nos zumbis uma parábola sobre o homem caído, o que Adão passou a reproduzir no planeta após sua expulsão do Éden. Viagem da minha parte?
Todos nós somos mortos-vivos, “irremediavelmente” fulminados por um vírus chamado pecado, tornando-nos seres repugnantes.
Já percebeu que um zumbi aceita outro zumbi? É como o inferno que ama outro inferno. Se comunicam e compartilham do mesmo objetivo, embora inconsciente: destruir a vida que ainda existe, militam contra ela. A não-vida que possuem só enxerga a necessidade de ingerir algo vivo, embora isso apenas a destrua, e não traga a eles, o que desesperadamente anseiam: existência genuína.
Não espere deles arrependimento: os mortos não tem consciência, ética ou moral. Vivem suas mortes apenas para seu inexistente estomago, para dar continuidade inexplicável de uma desgraçada morte em movimento. Sempre acho esquisito a surpresa com que pessoas reagem a maldade humana, quando aqueles cometem crueldades e depois dormem em paz: eles são zumbis, não tem uma